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Paulo Freire

Paulo Freire (1921 - 1992)

Paulo Freire nasceu em 19 de setembro de 1921 em Recife. Filho de Joaquim Temístocles Freire, capitão da Polícia Militar de Pernambuco e de Edeltrudes Neves Freire, Dona Tudinha, Paulo teve uma irmã, Stela, e dois irmãos, Armando e Temístocles. A irmã Stela foi professora primária do Estado. Armando, funcionário da Prefeitura da Cidade do Recife, abandonou os estudos aos 18 anos, não chegou a concluir o curso ginasial. Temístocles entrou para o Exército. Aos dois, Paulo agradece emocionado, em uma de suas entrevistas a Edson Passetti, pois começaram a trabalhar muito jovens, para ajudar na manutenção da casa e possibilitar que Paulo continuasse estudando.

 

Sua família fazia parte da classe média, mas Paulo Freire vivenciou a pobreza e a fome na infância durante a depressão de 1929, uma experiência que o levaria a se preocupar com os mais pobres e o ajudaria a construir seu revolucionário método de alfabetização. Por seu empenho em ensinar os mais pobres, Paulo Freire tornou-se uma inspiração para gerações de professores, especialmente na América Latina e na África. O talento como escritor o ajudou a conquistar um amplo público de pedagogos, cientistas sociais, teólogos e militantes políticos, quase sempre ligados a partidos de esquerda.

 

A partir de suas primeiras experiências no Rio Grande do Norte, em 1963, quando ensinou 300 adultos a ler e a escrever em 45 dias, Paulo Freire desenvolveu um método inovador de alfabetização, adotado primeiramente em Pernambuco. Seu projeto educacional estava vinculado ao nacionalismo desenvolvimentista do governo João Goulart. Na política, integrou o Partido dos Trabalhadores, tendo sido Presidente da 1ª Diretoria Executiva da Fundação Wilson Pinheiro, fundação de apoio partidária instituída pelo PT em 1981 (antecessora da Fundação Perseu Abramo); além de Secretário de Educação da Prefeitura Municipal de São Paulo na gestão petista de Luiza Erundina (1989-1992).

 

Freire entrou para a Universidade do Recife em 1943, para cursar a Faculdade de Direito, mas também se dedicou aos estudos de filosofia da linguagem. Apesar disso, nunca exerceu a profissão, e preferiu trabalhar como professor numa escola de segundo grau lecionando língua portuguesa. Em 1946, Freire foi indicado ao cargo de diretor do Departamento de Educação e Cultura do Serviço Social no Estado de Pernambuco, onde iniciou o trabalho com analfabetos pobres.

 

Em 1961 tornou-se diretor do Departamento de Extensões Culturais da Universidade do Recife e, no mesmo ano, realizou junto com sua equipe as primeiras experiências de alfabetização popular que levariam à constituição do Método Paulo Freire. Seu grupo foi responsável pela alfabetização de 300 cortadores de cana em apenas 45 dias. Em resposta aos eficazes resultados, o governo brasileiro (que, sob o presidente João Goulart, empenhava-se na realização das reformas de base) aprovou a multiplicação dessas primeiras experiências num Plano Nacional de Alfabetização, que previa a formação de educadores em massa e a rápida implantação de 20 mil núcleos (os "círculos de cultura") pelo País. Em 1964, meses depois de iniciada a implantação do Plano, o golpe militar extinguiu esse esforço. Freire foi encarcerado como traidor por 70 dias. Em seguida passou por um breve exílio na Bolívia e trabalhou no Chile por cinco anos para o Movimento de Reforma Agrária da Democracia Cristã e para a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação. Em 1967, durante o exílio chileno, publicou no Brasil seu primeiro livro, Educação como Prática da Liberdade, baseado fundamentalmente na tese Educação e Atualidade Brasileira, com a qual concorrera, em 1959, à cadeira de História e Filosofia da Educação na Escola de Belas Artes da Universidade do Recife.

 

O livro foi bem recebido, e Freire foi convidado para ser professor visitante da Universidade de Harvard em 1969. No ano anterior, ele havia concluído a redação de seu mais famoso livro, Pedagogia do Oprimido, que foi publicado em várias línguas como o espanhol, o inglês (em 1970) e até o hebraico (em 1981). Em razão da rixa política entre aditadura militar e o socialismo cristão de Paulo Freire,[15] ele não foi publicado no Brasil até 1974, quando o general Geisel assumiu a presidência do país e iniciou o processo de abertura política. Depois de um ano em Cambridge, Freire mudou-se para Genebra, na Suíça, trabalhando como consultor educacional do Conselho Mundial de Igrejas. Durante esse tempo, atuou como consultor em reforma educacional em colônias portuguesas na África, particularmente na Guiné-Bissau e em Moçambique.

 

Com a Anistia em 1979 Freire pôde retornar ao Brasil, mas só o fez em 1980. Filiou-se ao Partido dos Trabalhadores na cidade de São Paulo, e atuou como supervisor para o programa do partido para alfabetização de adultos de 1980 até 1986. Quando o PT venceu as eleições municipais paulistanas de 1988, iniciando-se a gestão de Luiza Erundina(1989-1993), Freire foi nomeado secretário de Educação da cidade de São Paulo. Exerceu esse cargo de 1989 a 1991. Dentre as marcas de sua passagem pela secretaria municipal de Educação está a criação do Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos (MOVA), um modelo de programa público de apoio a salas comunitárias de Educação de Jovens e Adultos que até hoje é adotado por numerosas prefeituras e outras instâncias de governo.

 

Em 1991 foi fundado em São Paulo o Instituto Paulo Freire, para estender e elaborar as ideias de Freire. O instituto mantém até hoje os arquivos do educador, além de realizar numerosas atividades relacionadas com o legado do pensador e a atuação em temas da educação brasileira e mundial. Freire morreu de um ataque cardíaco em 2 de maio de 1997, às 6h53, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, devido a complicações em uma operação de desobstrução de artérias. O Estado Brasileiro, por meio do Ministério da Justiça, no Fórum Mundial de Educação Profissional de 2009, realizado em Brasília, fez o pedido de perdão post mortem à viúva e à família do educador, assumindo o pagamento de "reparação econômica".​

 

Fonte: http://migre.me/usMJe 

 

Obras de Paulo Freire

Educação e atualidade brasileira
Recife: Universidade Federal do Recife, 139p. 1959 (tese de concurso público para a cadeira de História e Filosofia da Educação de Belas Artes de Pernambuco).

A propósito de uma administração
Imprensa Universitária, 1961.

Alfabetização e conscientização
Porto Alegre: Editora Emma, 1963.

Educação como prática da liberdade
Paz e Terra, 2000.

Paulo Freire; Raul Veloso; Luís Fiori. Educação e conscientização: extensionismo rural
CIDOC; 1968.

Extensão ou comunicação?
Paz e Terra; 2001.

Ação cultural para a liberdade e outros escritos
Paz e Terra; 2007.

Os cristãos e a libertação dos oprimidos
Edições Base; 1978.

Cartas a Guine-Bissau: registros de uma experiência em processo
Paz e Terra; 1984. 

Consciência e história: a práxis educativa de Paulo Freire (antologia)
São Paulo: Loyola. 1979.

Educação e mudança
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 112 p. 1979.

Multinacionais e trabalhadores no Brasil
São Paulo: Brasiliense, 226 p. 1979.

Quatro cartas aos animadores e às animadoras culturais
República de São Tomé e Príncipe: Ministério da Educação e Desportos, São Tomé, 1980.

Conscientização: teoria e prática da libertação; uma introdução ao pensamento de Paulo Freire
São Paulo: Moraes, 102 p. 1980.

Ideologia e educação: reflexões sobre a não neutralidade da educação
Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1981.

Sobre educação
(Diálogos), Vol. 1. Rio de Janeiro: Paz e Terra ( 3 ed., 1984), 1982.

Paulo Freire; Antonio Faundez. Por uma pedagogia da pergunta
Paz e Terra; 2002.

Paulo Freire; Adriano Nogueira; Débora Mazza. Fazer escola conhecendo a vida
Papirus; 1986.

Paulo Freire; Sérgio Guimarães. Aprendendo com a própria história
Editora Paz e Terra; 2000. ISBN 978-85-219-0371-0.

Paulo Freire; Adriano Nogueira; Debora Maza. Na escola que fazemos: uma reflexão interdisciplinar em educação popular
Edit. Vozes Ltda.; 1990. ISBN 978-85-326-0237-4.

Paulo Freire; Adriano Nogueira. Que fazer: teoria e prática em educação popular
Vozes; 1989.

Paulo Freire conversando con educadores
Ed. Roca Viva; 1990.

Paulo Freire; Donaldo Pereira Macedo. Alfabetização: leitura do mundo, leitura da palavra
Paz e Terra; 1990.

A Educação na cidade
Cortez Editora; 1991.

A importância do ato de ler: em três artigos que se completam
Cortez; 2008.

Pedagogia da esperança: um reencontro com a Pedagogia do oprimido
Paz e Terra; 1997. 

Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar
Olho d'Água; 2008.

Política e educação: ensaios
Cortez Editora; 1993.

Paulo Freire, Ana Maria Araújo Freire. Cartas a Cristina: reflexões sobre minha vida e minha práxis
Editora UNESP, 2003.

Paulo Freire, ‎Frei Betto. Essa escola chamada vida
Ed. Ática, 1994.

Myles Horton; Paulo Freire; Brenda Bell. O caminho se faz caminhando: conversas sobre educação e mudança social
Vozes; 2003.

Paulo Freire, Ana Maria Araújo Freire. À sombra desta mangueira
Olho d'Água, 1995.

Paulo Freire, Sérgio Guimarães, Moacir Gadotti, Pedagogia: diálogo e conflito
Cortez Editora Autores Associados, 1986.

Paulo Freire, Ira Schor, Medo e ousadia: o cotidiano do professor
Paz e Terra, 1997.

Paulo Freire, Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa
Paz e Terra, 2009.

Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos
Editora Unesp, 2007.

Paulo Freire, Sérgio Guimarães, A África ensinando a gente: Angola, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe
Paz e Terra, 2003.

 

Vídeos, entrevistas e documentários 

 

Prof. Paulo Freire, USP - 1994 
Palestra realizada no auditório do CDCC em 22 de novembro de 1994, patrocinada pelo IFSC - USP 

Paulo Freire entrevistado no programa 'Matéria Prima' da TV Cultura-1998

Paulo Freire Contemporâneo, Documentário - TV Escola, 2006